PRODUÇÃO NACIONAL
A produção brasileira de raiz de mandioca para o ano de 2023, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção (LSPA) de agosto/2023, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, deverá ser de 18,67 milhões de toneladas colhidas em uma área total de 1,28 milhões de hectares.
No comparativo com a produção de 2022, cuja produção foi de 18,2 milhões de toneladas, os dados apontam para um incremento de 2,5%, influenciados pelo aumento tanto de área, que deverá crescer cerca de 2,2%, quanto de produtividade, cuja estimativa de aumento é de 1,43%.
O cenário é bem mais positivo do que o observado em 2022 em relação a ´produtividade, que recuou cerca de 1%. Já a área plantada aumentou no ano passado, após seis anos consecutivos (2016 a 2021) de redução, porém a produção ainda foi menor exatamente em virtude da queda de produtividade.
Portanto, as estimativas para 2023 vem apontando uma dinâmica mais favorável para a cultura com relação aos últimos anos, onde deverão ser observados ganhos tanto em relação a área, quanto á produtividade, o que será responsável pelo crescimento da produção brasileira.
A fim de entender melhor os ganhos esperados para 2023, é importante considerar as especificidades da cultura no que diz respeito a distribuição territorial. Neste sentido, a produção brasileira de mandioca está concentrada em dois estados: Pará, na região norte e Paraná, no sul do Brasil.
O primeiro detém a maior área cultivada, em sua grande maioria no sistema de produção familiar, sendo esta destinada, principalmente, a fabricação de farinha para o abastecimento local. A farinha faz parte do hábito alimentar na região o que gera grande demanda pelo produto, fazendo com que a produção de raízes assuma uma dinâmica particular. Em 2023, o estado deverá ser o responsável por quase 22% da produção brasileira de mandioca.
Já o segundo lugar, o Paraná, além de localizado no outro pólo do país, também possui dinâmica produtiva bem diferente. Além da maioria da produção ser destinada a fabricação de fécula, as áreas são caracterizadas por uma agricultura de maior nível tecnológico, o que se reflete na produtividade de 24,18 t/ha frente as 14,76 t/ha do primeiro colocado.
Em 2023, o Paraná deverá produzir equivalente a 17,62% da produção brasileira de raízes de mandioca, em uma área de 135.500 hectares. Já o Pará, que detém uma área plantada de quase o dobro (276.079 ha), terá uma abrangência maior em apenas 5%, exatamente por conta da baixa produtividade.
Em terceiro e quarto lugar aparecem o Mato Grosso do Sul e Bahia, porém bem distantes dos primeiros colocados, com apenas 6 e 5%, respectivamente. Entretanto, cabe ressaltar a importância do Mato Grosso do Sul no que diz respeito a produção de fécula, figurando como importante produtor e exportador.
2. MERCADO NACIONAL
O ano de 2022 foi marcado pelas sucessivas altas de preços em todas as regiões produtoras de mandioca. Dezembro encerrou o ano, com os preços das raízes em média 70% maiores do que o ano anterior. Os motivos que levaram a este cenário foram a baixa disponibilidade de raízes para comercialização, devido ao baixo rendimento e produtividade das lavouras e os problemas climáticos, que dificultaram a produção e a colheita.
O ano de 2023 começou em um cenário diferente, graças a melhora nas condições climáticas e o maior interesse pela colheita, diante da necessidade de liberação das áreas para o plantio da nova safra, o que levou ao aumento da oferta de raízes, porém num primeiro momento sem impactos sobre os preços, que continuaram subindo.
Já a partir de fevereiro eles começaram a ceder, com o aumento da disponibilidade de raízes que levou ao aumento gradativo do nível de estoques.
De modo geral, pode-se afirmar que setembro deu continuidade a este movimento, entretanto foram observados ligeiros incrementos de preços, especialmente em relação a farinha, o que inclusive já vinha ocorrendo desde julho no Norte e Nordeste.
2.1 BALANÇA COMERCIAL
Dentre os produtos que compõem a cadeia produtiva da mandioca, no que diz respeito a mercado internacional, o de maior destaque é a fécula, já que a farinha é consumida internamente e a exportação de raízes ainda é incipiente.
Durante o ano de 2022, foram exportadas 43,6 mil toneladas de fécula de mandioca. Esta quantidade representa um aumento de 6% com relação ao volume exportado em 2021, e o segundo ano seguido de recordes de exportação para o setor.
Durante junho foram exportadas 1,5 mil toneladas, valor próximo ao observado nos dois meses anteriores, encerrando o trimestre com média mensal de 1,6 mil toneladas, o que representa praticamente a metade da média mensal do primeiro trimestre de 2023.
Em agosto, o volume de fécula exportado havia caído um pouco, agora ele voltou a subir, tendo sido enviadas ao exterior mais de 1,69 mil toneladas de fécula, se aproximando do patamar de julho, que até agora foi o mês com maior volume exportado durante o segundo semestre. A receita obtida foi de US$ 1.709.144, tendo voltado a crescer não apenas pelo aumento do volume exportado, mas também do aumento do preço de comercialização.
Isto vem influenciando fortemente o saldo positivo da balança comercial brasileira. Na verdade, ocorre que o preço de comercialização no mercado externo vinha crescendo desde novembro, entretanto a partir de maio começou a apresentar oscilações, provavelmente influenciadas pela queda na taxa de câmbio.
3. MERCADO INTERNACIONAL
O ano de 2022 correspondeu às expectativas, representando um novo recorde para a exportação
brasileira de fécula, que poderá crescer este ano diante das perspectivas positivas para a nova safra.
A Tailândia é líder absoluta na exportação mundial de fécula, no entanto, assim como os demais países
asiáticos, comercializa praticamente toda sua produção de mandioca e derivados para a China, que é o maior
consumidor mundial.
Portanto, o comprometimento da produção dos países asiáticos deixa em aberto o atendimento a países
da União Europeia, EUA e América Latina, onde o Brasil já vem ocupando espaço e possui boas
possibilidades de se destacar em virtude da proximidade territorial, que lhe confere vantagens logísticas.
4. DESTAQUE DO ANALISTA
Durante o ano de 2023, o principal desafio para a cadeia produtiva da mandioca deverá continuar
sendo a disponibilidade de raízes, que foi o fator preponderante para a formação de preços durante 2022.
Os números indicam que o mercado tende ao retorno à normalidade, após o período de altas sucessivas
do ano anterior. Apesar da redução nos preços, em geral ainda é cedo para prever resultados melhores,
devendo observar as estimativas para a safra 2023, que apontam para incrementos ligeiros na produção.
Com relação ao mercado internacional, o crescimento das exportações já é uma realidade e
apresenta boas perspectivas de desenvolvimento, uma vez que existe a possibilidade de atendimento da
demanda de países cujo mercado não está fidelizado.
FONTE: CONAB